No reino do Sião


O Eslovaco tinha razão, a Tailândia é realmente mais fresca! Na verdade não é assim literalmente, o computador da moto continua a dizer que estão 35 graus mas a sensação é de bem menos.  Continuamos a ritmo acelerado, o Sunny marca o passo nos seus habituais 120 em permanente gincana entre scooters, carros, camiões e animais.


Nós finalmente aclimatamos. Já acordamos naturalmente cedo, sem aquela sensação de que estamos a acordar às 3 da manha para andar de moto. Avançamos para Norte pelo meio das montanhas de "limestone" que tanto caraterizam esta região do planeta, evitamos a cidade de Krabi e seguimos para uma pequena e bem mais pacata baía a norte da cidade.


Um almoço grandioso pede o primeiro mergulho da viagem na praia bem em frente do restaurante. É nesta baía povoada por milhares de pequenas ilhas que saltam acima da linha de agua que fica a tantas vezes fotografada Ilha do James Bond  Ko Khao Phing Kan, famosa depois do filme "The man with the golden gun" gravado aqui à 40 anos atras. 


Tem de ficar para depois, vamos adiar para a descida, o objectivo do dia é Rangon, a cidade fronteiriça que nos vai servir de base para tentar a entrada no Myanmar. A estrada corta a floresta tropical por entre as montanhas do Parque Natural de  Si Phang-Nga.


Como é normal numa floresta húmida... está húmido :) nuvem cobrem os cumes e uma neblina espessa sai do asfalto como se estivesse a transpirar. No ponto mais alto reencontramos o sol que acaricia um modesto templo com um Buda negro. Do lado uma torre permite subir mais um pouco e apreciar a vista acima da copa da floresta.


A respiração acalma, com compassos longos e profundos inspiramos longamente os odores da terra húmida e pela primeira vez nesta viagem sinto a paz e tranquilidade. É por momentos destes que sou tão viciado em viajar.


O momento Zen somado com o mergulho depois do almoço torna definitiva a nossa entrada em modo "vadios" ;) deixamos de viajar e passamos a vadiar. Os condutores kamicazes, as scooters e as manobras intempestivas dos outros condutores passam a ser administradas com muito menos ansiedade... Tudo parece que diminuiu de velocidade, como se tivéssemos mudado de rotação de um gira discos para Long Play.


Tudo nos parece agora perfeito, até a chuva tropical que nos recebe nos últimos quilómetros antes de chegar a Rangon. Paramos, protegemos passaportes, gadjets e documentos em lugar seco e seguimos viagem sentindo a chuva quente escorrer por dentro do casaco aberto. Está-se bem!


Rangon recebe-nos em festa, é a semana das festas da comunidade chinesa e toda a cidade está decorada a rigor. Rigoroso parecia também o policia que nos mandou parar num controlo de estrada a escassos metros do nosso hotel. "International drivers license please", chiça acertou em cheio com a única coisa que eu não tenho.


No worries, sorrisos, gestos cordiais e muitos Sawasdee  depois (saudação em thai) a minha carta portuguesa passa a ser válida :) Agora é tempo de descansar que amanha é um importante, vamos tentar entrar no Birmânia, Myanmar ou Burma, como preferirem chamar à antiga provicia do Reino do Sião que fica do lado de lá deste canal do Mar de Andaman. 




Enviado do meu iPad

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