De volta ao mato!

Os últimos dias foram muito corridos, do Pantanal a São Paulo tivemos de acelerar de forma conseguir ter tempo para enviar as motos de volta à terrinha. Saímos de Corumbá mais tarde do que o previsto para a ultima trilha da viagem, a transpantaneira! A pista é simples e fácil, é conhecida por ser frequente encontrar nas suas margens muitos dos inúmeros animais que fazem destes pântanos a sua casa. Jacarés, capivaras, macacos, araras, papagaios e centenas de passarocos diferentes olham desconfiados para as motos que lentamente vão degustando mais uma pista de terra vermelha. O ritmo é muito lento e com muitas paragens, a cada curva mais uma fotografia, mais um animal, mais uma ponte, a sequência repete-se muitas vezes até que uma das pontes nos obriga a parar. Uma das mais longas pontes ruiu com a força das ultimas enchentes, avaliamos a situação, encontramos uma canoa que talvez dê, com paciência, todos juntos..... não, é melhor não! Temos pouco tempo para mais aventuras, volta para trás e vamos pelo asfalto. A Floribela não gostou de regressar, a meio caminho o parafuso com que tínhamos reparado o apoio do amortecedor partiu (sim, aquele todo ferrugento que achámos no chão da oficina). Bem que o André tinha avisado que aquele parafuso não inspirava muita confiança, eu não tive em consideração os avisos sábios do nosso "ancião" e agora estava ali no meio da Transpantaneira sem suspensão traseira. Verificámos pouco depois que o maior problema não era o parafuso, o amortecedor quando perdeu o seu apoio encaixou de tal forma no braço oscilante que deixou tudo em tenção. A mola estava comprimida por cima do braço e o veio do amortecedor aparecia da parte de baixo, o parafuso quando partiu ficou preso no apoio e acabou por partir uma das alhetas de alumínio do amortecedor... Shiiiii isso já só sai daqui de reboque... disse o César.... Eu não concordei, afinal de contas não é uma moto qualquer, é a Floribela e eu passei muitas horas a olhar exactamente para esta parte... alguma solução havemos de encontrar. O André e o Casimiro sacam das ferramentas, começamos a desmontar parte por parte e 15 minutos depois temos meia moto espalhada pela pista, um ferro longo consegue repor a mola no sitio certo e agora é só arranjar outro parafuso. A reserva do Artur voltou a safar a coisa, um parafuso original Honda mas longo demais serviria se o conseguíssemos cortar, umas anilhas de aço mudavam de lugar e faziam a vez da alheta partida.... mais alguns toques e meia hora depois a Flor já sorria de novo! O César tinha ido avisar o Teles e resolveu seguir mais um pouco, seguiu tanto que só o voltámos a encontrar no dia seguinte ao jantar... O resto do dia foi passado a desfrutar o Pantanal, mesmo rodando pela estrada de asfalto vêem-se muito animais, principalmente aves. Apontámos ao Passo do Lontra, uma resort ecológica com passeios de barco para as regiões mais densas do Pantanal, digo apontámos porque nem parámos nessa resort, em vez dela escolhemos um Hosteling Internacional muito acolhedor e bem mais adequado às nossas bolsas. O lugar é magnifico, simples mas muito bem localizado, os quartos são em palafitas elevados 2 metros acima do chão, só assim é possível manter os pés secos na época das chuvas. Está um calor abafado e húmido, colocadas as tralhas no quarto preparei-me para saborear o por do sol durante um mergulho no rio, tinha perguntado à dona da Pousada e ela tinha dito "...pode ir tranquilo..." e eu ia. Ia, mas vi uma coisa que me deixou intrigado, uma espécie de tronco flutuava parcialmente no meio do rio, estranhamente seguia no sentido inverso ao da corrente...apontei a lanterna e brilharam dois berlindes numa das extremidade.... achei melhor refrescar-me com um duche! Mais tarde reparei num placa na porta do quarto: "Tomar banho no rio é seguro desde que não esteja menstruada ou tenha feridas expostas! As piranhas são atraídas por sangue!" A noite chegou rápido, desligaram o gerador, apenas escutamos barulhos na agua e na mata, apagaram as luzes, o céu estrelado revela toda a sua grandiosidade, acrescentamos Bob Marley à cena, o som agrada à Christiany, a capivara residente de olhos doces, o Casimiro deu-lhe muita conversa mas ela preferiu-me a mim!! Ganhamos mais uma amiga, mais uma noite para recordar, que bem que se está aqui! O despertar foi cedo, vêem-se mais bichos de manha cedinho, vamos num passeio de barco subindo rios cada vez mais estreitos. Pantanal adentro vemos centenas de jacarés, milhares de espécies de pássaros, macacos, iguanas, capivaras, veados...só faltou mesmo a sucuri. 4 horas depois voltamos à pousada e partimos na direcção de Campo Grande. A estrada é boa mas muito monótona, de um lado e do outro a paisagem é sempre a mesma, infinitos campos de cana do açúcar cortados por rectas sucessivas, é chato, dá sono! Reencontramos o César durante o jantar delicioso na "Peixaria Pantanal", aceitámos a sugestão do "chef" e experimentámos vários peixes dos rios locais, foi uma boa escolha, o peixe é muito saboroso e sem espinhas. ! Ontem o dia foi sem historia, a paisagem continuou monótona e não conseguimos descobrir nada de interessante no guia sobre esta região. Chegámos a SP mesmo a tempo do almoço, fomos recebidos ainda na auto-estrada pelo Silvio e pela Joelma e eles nos guiaram até ao restaurante onde os Verbenos já nos aguardavam. Já não é segredo que nos sentimos em casa quando entramos em SP, pessoalmente não gosto da cidade, é grande demais, é confusa demais, mas os amigos que temos aqui fazem com que seja uma das nossas cidades favoritas. Sobre a recepção em SP falo amanha, hoje, para terminar fiquem com uma foto do bicho mais estranho que vimos no pantanal!

Comentários

  1. As foto-crónicas estão de ler e chorar por mais :D

    Imagino que infelizmente estejam a acabar.

    Obrigado pela partilha!!!

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