Diario, dia 20 - Bissau

O último dia em Bissau foi algo monótono, sem motos aproveitamos para andar pela cidade. Apesar de muito bonita a cidade está muito degradada, tudo o que se estraga não se arranja, e muitos são ainda os edifícios que estão marcados com as balas e morteiros da ultima guerra. Os buracos nas ruas são inacreditáveis e a escuridão total da cidade só interrompida pelo som dos geradores. Apesar da escuridão a noite e movimentada, em todas as esquinas vende-se caju, amendoim, sumos, ovos e sandes. Tudo isso contribui para uma atmosfera única nesta cidade. Sem duvida de todas as cidades que esta viagem visitou esta é a mais agradável. Praticamente todas as construções são dos anos 60, vivendas bonitas com grandes jardins e ruas largas ladeadas arvores carregadas de mangas. Mesmo degradadas e muitas delas abandonadas impressionam, esta deve ter sido uma cidade magnifica no seu auge. Durante a manhã optámos por visitar uma das duas piscinas de Bissau, a do hotel Sheraton. O local estava vazio apenas alguns empregados cuidavam da antiga messe do Oficiais que hoje em dia dá lugar ao mais luxuoso hotel da cidade, deu para descansar bem... Visitamos o Mercado Central e o mercado do Bandim, este ultimo é o maior da Guiné e muito semelhante à Medina de Fez em Marrocos, ruas estreitas cobertas com canas, cheiros intensos e tudo o que se pode imaginar é comercializado ali num movimento permanente. Apesar do aumento de militares nas ruas e de se notar alguma tensão no ar, os Guinenses permanecem muito tranquilos, dizem que já estão habituados, que a culpa da instabilidade é de meia dúzia de "cabeçudos" que vivem à porrada por conseguir mais poder. Apesar de bastante rica a Guiné Bissau esta na mão dessa meia dúzia e não fosse a quantidade absurda de frutos e terra fértil e os problemas seriam bem mais graves. A grande maioria do povo não quer saber da política, todos são unanimes de dizer que a guerra é a pior coisa que pode acontecer há Guiné. Vamos fazer figas para que tudo corra bem e a Guiné possa crescer e estável e saudável sem conflitos, o povo fantástico deste país merece. Depois de algumas alterações de ultima hora provocadas pelo atraso na partida do navio e da crescente tensão na Guine, optamos por regressar todos de avião. As motos ficaram já vistoriadas, despachadas e embarcadas ontem há noite e se tudo correr bem chegam daqui a 10 dias a Lisboa. Aí sim esta etapa do projecto "Ate ao fim do Mundo" chega ao fim e podemos começar a pensar na próxima etapa.

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